quarta-feira, 25 de abril de 2012

DIA MUNDIAL DO LIVRO




Capa do primeiro livro que li

Ontem, 23 de abril, foi o Dia Mundial do Livro. 
Acho que desde que me conheço por gente,  tive a sorte de conviver com os livros. Com 2 anos de idade ganhei de minha mãe  uma coleção de Histórias Infantis de capa dura, cujas imagens da capa mudavam de acordo como o livro era manipulado. - é evidente que tenho essa coleção até hoje e que guardo com imenso carinho. E foi com essa pequena coleção que comecei a montar minha estante, que hoje conta com cerca de 3 mil livros, organizados em minha biblioteca, separados por assunto.   
Minha mãe foi zeladora de uma escola.  E vivi meus primeiros anos de vida correndo pelos imensos corredores do "Daniel Verano", escrevendo na lousa, brincando de "escolinha" com meus amigos e quando estava sem eles, dando aulas para alunos invisíveis -  isso, é claro, aos finais de semana. E durante a semana, como não podia estar com minha mãe, corria para o meu lugar preferido: a biblioteca. 
Assim que comecei a ser alfabetizado, pedi de presente de aniversário uma máquina de escrever.  Minha mãe ficou desorientada com o pedido, mas me deu o que seria futuramente, a minha ferramenta de trabalho. Hoje  uso o notebook, mas tudo começou com a minha querida Olivetti portátil verde-musgo, minha companheira por muitos anos. Nesta época, começava a minha carreira de escritor.
Na mesma época, ganhei de presente um livro que transformou minha vida: "O Meu Pé de Laranja Lima", de José Mauro de Vasconcelos. Chorava pra caralho com a história de Zezé, aquele menino pobre que conversava com o seu pé de laranja lima, que apanhava de Paulo, de Jandira, de Totoca, que fazia diabruras, que xingava o portuga Manuel Valadares, e o tinha como inimigo. mas aos poucos, virou o seu melhor amigo e que acabou morrendo atropelado pelo trem Mangaratiba e no final, descobre que seu pé de laranja lima havia sido cortado. Como essa história me machucava. E não bastou só o livro: vi o filme e a novela também... Temendo ser zombado, me enfiava embaixo da cama e ficava ali, chorando baixinho...  Desde pequeno era emotivo. Lembro que a primeira vez em que chorei, um choro sofrido mesmo, foi quando prenderam o Pica-Pau numa gaveta e achei que ele tivesse morrido...
Voltando...
E não parei mais de ler. Devorei os livros da Coleção Vagalume, e conforme ia crescendo, descobria Monteiro Lobato, Julio Verme, Kipling, Poe, Machado de Assis, José de Alencar, Eça de Queirós, Salinger, Bukowski, Kerouac, Cervantes, enfim, foram tantos que não caberia aqui, mas que tem grande influência no meu trabalho como artista.
E de repente. me vejo, acompanhado pelo meu filho Eddie, comendo uma deliciosa pizza na cozinha de Tatiana Belinky e do seu filho Ricardo Gouveia. Sim.. Meu filho e eu estávamos jantando com dois artistas excepcionais e que tive a sorte de ser "apadrinhado" por eles. Até aquele momento, não tinha consciência do que aquilo representava. Eu os tinha como ídolos e ao me ver naquela situação, descobri que eles eram tão normais quanto eu. E me tratavam de igual pra igual -  e isso foi meu filho quem me alertou. e depois de    analisar, conclui: "É verdade!" .
Poderia ficar aqui falando horas a fio sobre a importância desse objeto tão útil na vida das pessoas, que, infelizmente, parece estar esquecido. Mas gostaria, simplesmente, de afirmar o quão prazeroso é estar na companhia de um livro. Você viaja, sem sair do lugar. Quando me sinto só, retiro um livro da estante, tateio, folheio, sinto o seu cheiro e mergulho em suas páginas e viajo...Rio, choro, sinto medo... Um livro que não provoque esses sentimentos, não tem graça.
Um homem que ama ler e aprecia as artes, não tem medo de envelhecer...


Foi com uma máquina de escrever desta, que comecei a escrever.

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