segunda-feira, 30 de abril de 2012

UM NOVO AMANHECER

belo amanhecer


















Uma das piores coisas da vida é ficar com um grito entalado na garganta. Você precisa gritar, mas sua garganta se torna estreita demais pra isso, impossibilitando que esse grito ecoe. Quando a dor que sente é tamanha, normalmente o resultado disso é um grito silencioso como um pedido de socorro... mas que ninguém ouve. 
Passei duas noites sem dormir. Por mais que tentasse, não conseguia pregar os olhos. De repente, me vi numa montanha e fui atingido por uma imensa bola de neve numa avalanche. Mas não podia demonstrar isso, ainda mais num dia de apresentação. Não podia deixar que nada me abatesse, mas quando a gente tenta fugir dos problemas, eles surgem na sua frente. Acho que é a tal da lei de Murphy. Revi uma pessoa que não queria mais ver. Por sorte ela não me viu. Estava certo que iria ficar mal, mas não fiquei, o que me deixou bastante surpreso. Superei mais um trauma.
Apresentei O Porta-Malas para um público muito bacana. Retornar ao teatro, depois de algum tempo afastado, é ducaralho. Foda-se que não dá grana, mas o teatro me ajuda a identificar, trabalhar e curar as minhas neuroses. Então, a adrenalina fica a mil.
Horas depois do término da apresentação, continuava agitado. Tomei um banho pra ver se melhorava. Voltei para o meu colchão e meus olhos ficaram pousados sobre o meu filho Eddie, que dormia ao meu lado. E só de olhar pra ele, consegui me acalmar. Mas aí o dia já estava claro e era hora de pegar estrada,pois tínhamos ensaio de outro espetáculo no fim da tarde.
Os ensaios estão bastante produtivos, e apesar do meu cansaço, manteve o mesmo pique.
Após o término do ensaio, vou com o Eddie para o shopping. De repente estou discutindo com ele sei lá por qual motivo e sequer percebi que estava fazendo isso. Eddie me alertou a respeito. Não era a minha intenção discutir com ele, sequer lembrava do assunto pelo qual discutíamos. E após o seu alerta, respirei fundo, e quando percebi, estava chorando convulsivamente e tentando esconder as lágrimas, pois estávamos numa praça de alimentação.
Foi então que aquele grito que necessitava  botar pra fora, saiu. Expus pra ele tudo o que estava sentindo, falei das minhas frustrações, enfim, abri o jogo.
De repente, me sinto como um bebê recém-nascido sendo embalado pelo meu filho. Era como estar nos braços de um pai que nunca tive.  Ele me entende! Entende e me respeita...
Obrigado por ser meu filho e o meu melhor amigo. Com você eu me sinto seguro e com muito ânimo para encarar um novo amanhecer.
Estamos juntos. Te amo, cara.


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