terça-feira, 8 de julho de 2014

EXCÊNTRICOS

Existe uma padaria, na realidade um risca-faca, onde coisas muito estranhas costumam acontecer, a começar pelo preço. Após as 22h, as mercadorias aumentam de preço. Um miojo, que antes das 22h custa R$ 2,50, após esse horário passa a custar R$ 4,50. Mas as bizarrices não param por aí. Estava voltando pra casa e parei lá com meu primo Leonardo Carrara para comprar algo pra comer. Na hora da fome, a gente come qualquer coisa, mesmo sabendo que se a vigilância sanitária baixasse neste lugar, interditaria o estabelecimento no mesmo instante. 
Continuando... o relógio bateu meia-noite e, em menos de cinco minutos, o local estava abarrotado de criaturas excêntricas. Pareciam personagens de Rabelais que se materializaram diante de nós; como se o capeta tivesse aberto as portas do inferno e liberado essa galera para dar um rolê. 
Uma mulher com um boné da John John virado do lado, como o do Sérgio Mallandro, entra feito um foguete e pede um corote. Ela estava acompanhada por um velhinho que lembrava muito o Dom Quixote e mal conseguia falar. Enquanto isso, sua companheira, que parecia ter cheirado todas, dizia: 
- Dá pra comprar o corote e ainda sobra dinheiro pra gente voltar pra casa de táxi! Ô moça, onde eu pego táxi? - perguntou para a funcionária. 
- No ponto de táxi - respondeu a funcionária, estupidamente. 
- É que eu nunca andei de táxi. Nem sei como é, mas quero saber. Só andei de bicicleta e de ônibus. 
Paguei a conta e saímos do reduto de bufões. No caminho de volta para casa, comecei a questionar com meu primo: 
- Onde eles moram? Será que sabem o valor da bandeira dois? Será que tem, realmente, a grana do táxi? E para finalizar: será que ela vai realizar o seu desejo: o de andar de táxi pela primeira vez? Pena que não soube o final da história.

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