quarta-feira, 28 de maio de 2014

A ÚNICA COMPANHEIRA

Estava voltando pra casa e no meio do caminho me deparei com uma conhecida, uma senhora de uns 60, 70 anos. Ela me parou e perguntou: 
- Julio, se eu te pedir uma coisa, você não vai se assustar? 
- Eu não me assusto com mais nada.- respondi. - Pode pedir. 
- Posso te dar um abraço? 
- Claro. 
E dei-lhe o abraço. Ela me agradeceu e, só então, reparei que seus olhos estavam cheios de lágrimas. 
- Obrigada pelo abraço. Em dias de chuva, eu fico assim, carente e angustiada. Hoje, por exemplo, não vi ninguém, ninguém me telefonou... É esse o preço que a gente paga por morar sozinha. Ter a solidão como a única companheira. Obrigada. 
E foi se afastando, seguindo o seu caminho rumo à sua casa. E eu, permaneci ali, petrificado por algum tempo, vendo-a desaparecer no breu da rua.


Julio Carrara 

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