sábado, 7 de abril de 2012

ESSE GAROTO SÓ ME ENCHE DE ORGULHO

Sou um pai coruja, não nego. Tenho o maior orgulho do meu filho Eddie. É o meu bem mais precioso.  E agora ele está escrevendo e postando seus contos no seu blog. E escreve bem pra caralho. Fico emocionado toda vez que leio seus textos. Segue abaixo, um trabalho de sua autoria, uma pequena amostra do que esse lindão é capaz de produzir.  Acessem o blog e certifiquem-se de que esse cara é bom mesmo. 
Te amo, meu filho.

DO BLOG DO MEU FILHO EDDIE

www.e-disturbio.blogspot.com


A CÚMPLICE


Eu vivia nos arredores de um pequeno terreno baldio. Nele se via uma extensa cobertura de pés de manga gigantescos. Sentia-me, como toda criança que tinha a liberdade das ruas como seu brinquedo pessoal, senhor de direito de se apoderar de uma boa quantidade daquelas mangas. Todas as tarde, um pouco antes do filme que passa na TV de tarde, eu ia pra lá. Mas sempre na saída do terreno, que dava de lado para uma viela, era surpreendido por uma velha. Que tinha olhos profundos tão quanto o alto mar e que transmitiam uma dor rasgante. Ela não dava problema, me sentia seguro até. Minha cúmplice.

A velha, então, de um dia pro outro, sumiu. Não sabia o que era, mas eu estava triste. Poderia nunca mais vê-la. As mangas perderam seu gosto e cada vez mais os fiapos deixados entre os dentes me irritavam.

Não prestei atenção e na saída do terreno, pulando o pequeno muro que dá acesso a viela, caí com o pé direito em cima de uma ripa com um prego gigante virado pra mim. Por sorte ele estava meio torto, e o que fez foi só um arranhão. Fique ali, encostado no muro, sentado e olhando a casa da velha. “ela podia ter servido pra algo útil nesse momento!” pensei. Eu sei que se ela estivesse morando naquela casa a ripa não estaria me esperando. Minha cúmplice costumava varrer todos os dias aquele lugar.

A raiva me tomou, então peguei aquela madeira com o prego e joguei com toda a minha força pra cima da casa da velha. Ouve-se o vidro da frente se desfazendo em pedaços. Fui pra casa mancando.

Nunca mais soube nada daquela velha nem reparei se há alguém morando em sua casa. Somente deixei de pensar nisso. Muito tempo se passou e não voltei a entrar no terreno nem a comer manga.


Eddie Muska

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