segunda-feira, 9 de abril de 2012

CUTUCANDO A FERIDA



Soa esquisito para quem não é do ramo das artes, quando ouve de um artista, seja ele escritor, músico, poeta, dramaturgo, ator, diretor, que determinada obra lhe dói. Pois é. Afirmo com todas as letras e com pleno conhecimento de causa, afinal, já estou na área há 23 anos e com mais de 100 espetáculos teatrais nas costas, e quase duas centenas de obras radiofönicas, e se com essa bagagem não puder afirmar isso, na boa, deveria estar em outro ramo.  Dói... Dói e sangra, mas também cicatriza e cura. São os ossos do ofício.
To cansado ds dizer em entrevistas, para amigos, conhecidos, fãs, nas redes sociais, que não tomo remédio para  tratar das minhas neuroses. O meu remédio é o teclado do notebook. É nele que descarrego minhas angústias, medos, inseguranças, etc, etc, etc... E após algumas "sessões de descarrego", surge na tela a palavra FIM. Pronto. Obra acabada, hora de ficar arquivada em alguma pasta, ou descansando algum tempo na gaveta, para que, semanas depois, eu releia aquilo friamente e faça uma revisão. Mais algumas semanas descansando para depois eu ler aquilo como se não fosse meu.
Com o texto acabado, hora de ir para as prateleiras de uma livraria, para os estúdios de uma rádio ou  para a mão de atores, diretores e produtores de teatro. E cada um executa o seu trabalho.
E quando o diretor e o dramaturgo são a mesma pessoa? Para o dramaturgo, tudo bem, concluiu sua tarefa e deixou tudo impresso no papel. E o diretor tem que esmiuçar aquela obra, destrinchá-la ao máximo, ver o problema por todos os prismas, para passar para os atores, que também executarão o seu trabalho e passarão pelas mesmas dores.
Estou revisitando uma obra que me doeu e me dói muito. Foi escrita no primeiro semestre de 2008 e quatro anos depois, volto a cutucar a ferida. O que me dói, não é a história em si, que, de certa forma, tem um pouco da minha relação amorosa, mas o fato de conter neste texto muitas coisas que continuam atuais. E talvez seja isso que fere:  o egoísmo das pessoas, que te procuram quando vocë tem algo a oferecer pra elas, caso contrário, te deixam de lado como um objeto esquecido numa gaveta e por aí vai.
Ficarei debruçado ainda um bom tempo sobre esse texto. A ferida sangra muito, mas tenho que enfrentar isso.
Fazer o que? 
É...

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