segunda-feira, 29 de novembro de 2010

INICIO DE UM NOVO CICLO

Há 34 anos atrás, no dia 28 de novembro de 1976,  às 8h50, em São Paulo, eu vi o mundo pela primeira vez. Ao contrário de outras crianças que choram ao receber a palmada do médico, eu olhei as coisas e as pessoas que estavam ao meu redor e como não sabia falar, pensei, intrigado:
- Mas que porra é essa? O que to fazendo nesse lugar? Me deixem voltar pra onde estava. Lá dentro eu me sinto mais seguro.
Mas não teve jeito. Eu tinha que enfrentar o mundo. E esse foi o meu primeiro trauma.
E nesse instante tomei uma decisão: a de querer mudar o mundo e passar por ele com um mínimo de dignidade.
Aos 7 anos ganhei minha primeira arma: uma máquina de escrever Olivetti portátil verde-musgo. E foi com essa máquina de escrever que comecei a inventar histórias. Escrevia diariamente “novelas”, com mais de 100 capítulos cada uma (uma página por capítulo), totalizando 12 obras, que ainda tenho guardadas, mas que não mostro pra ninguém. E na última página constando a relação de personagens e seus respectivos interpretes, como Fernanda Montenegro, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Regina Duarte, Glória Pires, Antonio Fagundes, entre outros grandes atores...  É mole?  Rio só de lembrar da minha ingenuidade. 
E como não conseguia ver uma novela minha passando na Rede Globo, chamava os amiguinhos da minha rua e no quintal de casa ensaiávamos essas histórias. E “ai” daquele que não decorasse o texto.  
O tempo foi passando e nesse período fiz aulas de inglês, de piano, de datilografia, de informática, mas nada me satisfazia.  E com 12 anos eu descobri o teatro...  e como uma droga pesada, me viciei e faço questão de manter esse vício para sempre.
E o tempo foi passando. 54 espetáculos como ator, 43 como diretor, 30 como dramaturgo, 15 radionovelas, 2 antologias que constam o meu nome, uma de poemas e outra de contos, 6 anos lecionando como professor, diversos cursos e oficinas ministradas em cidades do interior, alguns festivais de teatro que integrei o corpo de jurados, outros festivais em que participei como ator e diretor, alguns prêmios e com textos encenados por diversos grupos do Brasil e até em Portugal. 
Hoje fiz um balanço da minha vida, e esses fatos que narrei acima, vieram nos meus pensamentos com muita nitidez. Embaralhados, da mesma forma que os pensamentos surgem nas nossas cabeças, mas com grande significado.
E ao mesmo tempo estava mandando boas vibrações para o meu filhote, que estava fechado numa sala de aula fazendo a prova da primeira fase da FUVEST. 
O sol se punha lentamente dando lugar à noite e me entristeci. Não veria meu filho no dia do meu aniversário, afinal de contas, ele estaria cansado e não teria disposição pra comemorar. Mas a tristeza deu lugar a uma enorme felicidade quando recebi uma mensagem dele, combinando um encontro para comemorarmos juntos.
Como foi bom recebê-lo em meus braços num abraço gostoso e apertado.  Meu aniversário não passaria em branco. Meu meninão estava ali, comigo, me presenteando com o seu carinho, com o seu amor, com a sua atenção até altas horas da madrugada. Não pode haver melhor companhia do que a de um filho, o meu maior orgulho. Te amo muito, garotão.
Hoje tomei uma decisão muito importante: ligar o foda-se e ser feliz. Muito feliz ao lado de pessoas que amo. Eu mereço.

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