quinta-feira, 2 de outubro de 2014

MAIS RESPEITO, POR FAVOR!

Há algum tempo venho observando o comportamento, melhor dizendo, o mau comportamento do público em nossos teatros. Sinceramente, gostaria de entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que sai de casa, vai ao teatro, senta-se na poltrona e assim que o espetáculo tem início, o infeliz, de cabeça baixa, presta mais atenção na porra de seu celular do que na peça em si; ou aqueles que se levantam para ir ao banheiro, para fumar, para tomar água e depois volta, para minutos depois repetir o mesmo procedimento. Se não está gostando, levante-se, saia e não volte mais. É tão simples quanto mudar de canal ou desligar a TV. 
Será que essa criatura não consegue sossegar o cu numa poltrona durante uma hora ou duas? Acho que esses imbecis pensam que estão nas salas de suas casas e que podem fazer o que querem: falar ao celular, abrir uma lata de cerveja, peidar, arrotar... 
ACORDA, CAMBADA. 
Não sei se sabem, mas o ator, quando está em cena precisa de muita concentração e qualquer ruído que façam na plateia, eles ouvem. Não há concentração que resista. Sim, nós, atores, temos audição e visão. Vemos e ouvimos. Sacaram isso? Ou não? 
Se tem uma coisa que me deixa furioso é ver alguém falando ao celular, neguinho tirando papel de bala ou devorando amendoins japoneses e coisas do tipo. A vontade que tenho é de interromper a cena, olhar para o desgraçado e dizer: 
- Escuta aqui seu filho da puta, vamos trocar de lugar? Você sobe no palco e eu vou para a plateia fazer exatamente o que você está fazendo. Quer sentir na pele o que eu sinto quando me deparo com idiotas iguais a você? 
Mas, infelizmente, não dá para fazer isso. Tem que seguir adiante. Por mais que a gente respire fundo, aquela raiva começa a dar um nó em nossas tripas e a vontade que temos é a de acabar logo a merda daquela sessão para grudar na garganta do desgraçado que com sua falta de bom senso, nos atormentou o tempo todo. 
MAIS RESPEITO, POR FAVOR! 
Ah... esqueci que certas palavras caíram em desuso, como por exemplo: “Por favor, obrigado, com licença, pode passar na frente..." 
Respeito? O que é respeito? Acredito que essas palavras não estejam no dicionário e vocabulário desses seres repugnantes, egoístas e individualistas. O individualismo é o câncer deste século. Cada um por si. “Eu me importo comigo. Fodam-se os outros.” 
Se você pensa assim, não perca seu tempo em sair de casa para incomodar o público que realmente vai ao teatro para curtir um evento. Permaneça em sua residência. É o melhor que você faz. Mais vale um teatro com “meia dúzia de gatos pingados” do que um teatro lotado de “bobos, tolos e retardados”. 
Sinto falta de mais disciplina e rigor nos eventos culturais. Fulano chega atrasado em um evento e consegue entrar. Se permanecesse calado, tudo bem. Mas não!!!! Faz questão de verbalizar que não está enxergando devido à escuridão da plateia, tropeça nos degraus, nas pernas das pessoas, liga a lanterna do celular para procurar uma poltrona vazia, etc., etc., etc. Estão transformando o teatro na casa da mãe Joana. Além de incomodar os atores, infernizam também o público. 
Lembro-me muito bem do rigor de Edeméia Pereira, diretora do Núcleo de Artes Cênicas do Teatro do SESI de Sorocaba, nas décadas de 1980 e 1990. Seus espetáculos começavam pontualmente, às 20h30, e após o início da sessão, se chegasse o Papa às 20h31, não entraria em hipótese alguma. É desse pulso firme que o teatro necessita, senão vira puteiro. Na atual situação, um puteiro é mais organizado que algumas salas de espetáculos.  Chegou tarde? Saísse de casa mais cedo. 
O público precisa ser (re)educado, porque se as coisas continuarem como estão, não quero nem imaginar aonde iremos parar.

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