quinta-feira, 1 de novembro de 2012

ADEUS, TIO CLÓVIS



Mais um grande mestre do teatro brasileiro nos deixou esta semana. Clóvis Garcia, "tio" Clóvis, como costumava chamá-lo toda vez que o encontrava. Eu o conheci em 1998, no Conservatório de Tatuí, onde durante muitos anos  foi jurado nos Festivais de Teatro Estudantil. Aprendi muito com ele e, bem antes de entrar na faculdade, dizia:
- Quero que você seja meu orientador no Mestrado, tio.
E ele:
- É só você fazer um pré-projeto e entregar na USP.
O tempo passou, concluí a faculdade, enrolei, enrolei e acabei deixando o Mestrado de lado. 
Infelizmente meu orientador não será mais você, tio.
Não vou colocar o seu currículo aqui. Quem se interessar, só procurar no site da USP.
Quero apenas deixar registrado meu profundo carinho e admiração por este Homem de Teatro, que, apesar do seu jeito durão, tinha um grande coração e estava sempre disposto a auxiliar quem dele necessitasse.
Na última segunda-feira, estava no Teatro Silvio Romero, no Tatuapé, onde fui convidado pelo meu grande amigo Rhobson para integrar o corpo de jurados do Festival de Teatro do Colégio Pan-Terra.  Sentei-me na primeira fileira do teatro, ao lado de outro grande amigo Alexandre e brinquei:
- Vou fazer como o tio Clóvis. Ver 5 minutos da peça e cochilar em seguida.
Alexandre arregalou os olhos e disse:
- Tá louco? Quer que ele venha puxar o seu pé?
E soube então, que tio Clóvis havia morrido no dia anterior. Fiquei mudo na hora, devido ao choque.
Infelizmente, o teatro brasileiro está ficando, a cada dia que passa, mais pobre e desfalcado. E tio Clóvis se une a outros grandes mestres que nos deixaram como Alberto Guzik, Ana Cavalieri, Fernando Peixoto, José Renato, Myrian Muniz, entre tanta gente boa.
Descanse em paz, tio. E mais uma vez, obrigado por tudo.
Ah, tio Clóvis era dono de uma enorme biblioteca, não em quantidade, mas em qualidade, cujos livros foram doados para a USP.

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