sexta-feira, 27 de março de 2009

CIA DAS ARTES DRAMÁTICAS COMPLETA 14 ANOS

Como o tempo passa.
Parece que foi ontem que coloquei uma nota nos jornais chamando adolescentes e jovens interessados em participar do primeiro espetáculo teatral da Cia das Artes Dramáticas fundada por mim, na época com 17 anos.
25 de março de 1995 foi a data da nossa primeira reunião. E desde então nào paramos mais.
Nesses 14 anos de atividades ininterruptas, o grupo foi responsável pela encenação de 40 espetáculos teatrais transitando por diversos gêneros e estilos: dos clássicos (O Despertar da Primavera, Sonho de uma Noite de Verão, O Urso) aos contemporâneos (O Anjo Maldito, Adega dos Anjos), dos infanto-juvenis (A Sopa de Pedra, Os Dois Turrões, Joào Magriço) aos undergrounds (Puros Depravados, Achavascado(s)), dos dramas (Catedral, Depois da Chuva...) às comédias (Fofo, Meu Amor, Cupido & Stanislavski) , das tragédias (A Moléstia Azul, O Beco) às farsas (Lá na Terra do Contrário) do épico (Rei Mateusinho I) ao dramático (Castelos de Areia), entre outras.
Sempre tive como objetivo fazer do grupo um núcleo de pesquisa onde o que menos conta é o resultado final, mas o processo de aprendizagem. Aqui não se monta apenas um espetáculo. Da mesma forma que se dedicam a dramaturgia, os atores também encaram pregos, martelos, tintas, cola, fita crepe, entre outras coisas mais.
Quando as pessoas participam ativamente de todo o processo que envolve um espetáculo, (construindo e pintando cenários, cortando e costurando figurinos, subindo em escada para montar e afinar a iluminação, criando sua maquagem e quando não estão em cena, normalmente operam som e luz, fazem contrarregragem ou vendem ingressos na bilheteria), elas valorizam mais o trabalho. E a sensação que isso desperta, é indescritível. Só quem fez isso algum dia, entende do que estou falando.
Muitos atores que conheço odeiam mexer com cenários e tal. Respeito essa atitude já que isso é acúmulo de funções, mas como isso é gostoso.
Cerca de 400 pessoas já passaram pelo grupo. Muitos desistiram da carreira e foram para outras áreas, mas uma boa parte dos atores que deram seus primeiros passos no CAD estão no mercado. Tenho dois atores que fizeram ECA da USP de São Paulo (Thiago Castro Leite e Marcelo Gasparini), um na UEL de Londrina (Joào Armando), vários na UNISO de Sorocaba (Hércules Soares, Eliane Ribeiro, Douglas Emílio), sem contar aqueles que já estão lecionando. Tenho muito orgulho de todos... Ah, esqueci de falar do Julinho Mello, que está brilhando no Folias na peça QUERÔ – uma reportagem maldita, do Plínio Marcos. Desculpe-me se esqueci de alguém, mas é tanta gente...
Fomos premiados diversas vezes em Festivais de Teatro. O que sempre me alegrou é que a maioria das indicaçòes e premios eram para os atores e nào para os demais elementos como cenografia, iluminaçào, etc.
Fui no Moinho Buscar... Mó, infantil de Gabriela Rabelo tinham três atores no elenco. Desses três, dois foram indicados para Melhor Ator (Matheus e Eddi) e outra levou o premio de Atriz Coadjuvante (Ana Paula Oliveira).
Foram tantas indicações e prêmios que não me recordo de todos.
Keila Cezário e Helena Solla receberam os premios de Atriz Revelação pelos seus desempenhos em Beijo, Não! e Quem Casa Quer Casa – Ou Nào?
Bruna Moscatelli e Eliane Ribeiro foram premiadas como Melhor Dupla Cômica pelos seus desempenhos em Fada Rock
Douglas Emílio que faturou o premio de Ator Revelação pelo seu desempenho nos espetáculos Quem Casa Quer Casa – ou Não?, Danielzinho e o Sono e Fada Rock.
Que saudade eu tenho de um período específico (1999), precisamente há 10 anos, em que trabalhava com esses adolescentes – que hoje estào gente grande, alguns até pais e mães – num pequeno salão que se transformou na nossa primeira casa. Digo primeira, porque era ali em que passávamos a maior parte do tempo. Um teatro de bolso, com apenas 40 lugares, que recebeu o nome de Tatiana Belinky. Infelizmente devido as péssimas condições do local, o Teatro fechou suas portas.
Ensaiávamos diariamente, de Segunda a Segunda, de 3 a 8 horas. Uma disciplina espartana de ensaios, estudos, apresentaçòes e viagens, mas tudo era feito com muito amor e prazer. Ninguém reclamava de cansaço e isso era um estimulante a mais pra mim. Todos se doavam ao máximo.
Os melhores espetáculos do grupo na fase ‘amadora’ foram executados no período de 1999 a 2004, onde consegui manter a mesma equipe... E que equipe. É um eufemismo dizer que a equipe era maravilhosa.
Hoje as coisas mudaram um pouco. O grupo se profissionalizou e infelizmente não dispomos de um local apropriado para ficarmos ensaiando diariamente. Sempre é preciso ‘dar um jeitinho’ para fazer um cronograma de ensaios devido a agenda da equipe. Mas isso faz parte.
Tenho certeza que aprendi mais do que ensinei. Bom, ainda acredito que Teatro nào se ensina, as pessoas que se interessam por ele, já trazem isso no DNA. O que fiz neste tempo foi ajudá-los a desenvolver a técnica, pois já tinham talento. Aí foi fácil.
Bem, ano que vem o grupo irá debutar, mas até lá muitas coisas irão acontecer. Evoé.

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