TRECHO DO MEU NOVO TEXTO

Segue abaixo um pequeno trecho do meu novo texto... Agora resta saber como isso fica no palco.

ELE – Eu tava pensando...
ELA – No que?
ELE – Nas causas que levam uma pessoa a cometer suicídio!
ELA – São tantas...
ELE – Você chega em casa, abre a porta e não vê ninguém, não ouve nenhum barulho, não tem uma pessoa ali para você dar boa noite e pra conversar sobre o seu dia. Acende todas as luzes para espantar os fantasmas da solidão, liga a TV e responde boa noite quando o apresentador do telejornal se despede. Procura desesperadamente na agenda do celular, nomes de pessoas para convidá-las para sair e só então você percebe que não tem tantos amigos assim e àqueles com os quais poderia contar, estão com outros compromissos e não podem ou não querem sua companhia. Aí você se sente abandonado, desprotegido. E aos domingos você se sente mais só, porque a cidade está deserta, não há nada que preste nas emissoras de TV e para piorar, ouvimos aquela música do Fantástico, que nos faz lembrar que o domingo está acabando e que é hora de dormir porque precisamos acordar cedo no dia seguinte para enfrentarmos mais uma semana de trabalho. Você deita na cama, procura por um ombro amigo e não encontra. E o alívio só vem, quando abraçamos um travesseiro e pensamos na pessoa amada. E depois, ficamos virando de um lado para o outro até pegar no sono. E quando acordamos no dia seguinte, pensamos: “Mas que merda! Vai começar tudo outra vez!!!”. A gente nasce e morre sozinho. E por que temos que passar a vida inteira ou a maior parte dela, sozinho também? Isso já não é o bastante para uma pessoa, por mais equilibrada que seja, pular de um prédio, se enforcar ou dar um tiro na cabeça?
ELA – Isso é fuga. E fuga é a saída dos covardes.
ELE - Será? É preciso ser muito corajoso para agir dessa maneira. É como brincar de ser Deus – pra quem acredita, claro. O suicida deve pensar assim: Eu não tive o poder de me dar à vida, mas eu tenho o poder de tirá-la. Teremos nós mesmos que ser Deeeeeeeeeus... É mais fácil acabar com tudo do que viver como um sonâmbulo, vagando por essas ruas sujas e sem perspectiva de espécie alguma. Nós somos exemplos vivos disto...